terça-feira, 18 de janeiro de 2005

O ALFA E O ÓMEGA


Ando aliando amores
Amanhecidos...
Em amanhãs anteriores
Acordo azares antes acontecidos.
Aclamo anseios
Apertando os seios
Antecipo abraços...
Beijo bocas borradas de batom
Busco brincadeiras,
Broncas,
Bebedeiras...
Corre o coração corrompido
Cantando cortantes canções
Calando o cupido
Consentindo colecções...
Cópias cansadas
Cortadas
Coladas...
Discussões.
Desço dentro do desejo
Dobro as dores dançantes.
Dominando o desleixo
Declamo doentes amantes....
Deito-me desesperada
Dizendo-me descansada.
Deixo-me dormir
Desfeita...
Embriagada.
Em escuros estridentes
Esboçam-se esperas
Esculpem-se esperanças
Estragam-se os encontros
Encandeiam-se as feras.
Feridas fundas.
Fissuras fantasmagóricas.
Frases feitas.
Fendas infecundas.
Fico farta.
Gasto as gotas
Gabo gostos
Grito golos.
Histerismo.
Homens.
Imagens indefinidas
Dos instintos inconstantes
Incendeiam interiores imaculados
Invisíveis...
Idealizados...
Juras e jogos.
Lamentos lançados
Leituras lentas...
Lambem-se os laços.
Os lóbulos.
A língua.
Os mamilos.
Morde-se.
Manda-se.
Morre-se.
Magnitude do misticismo
Mistificação do magnetismo.
Mulher.
Magia.
Molho minhas mãos
No mistério do teu mar.
Nunca nada aí nadou
Nem ninguém...
Namorar.
Odiar.
Ósculos oprimidos.
Odores ofegantes.
Óleo.
Pelo principiar das pernas.
Presas.
Paradas.
Procura de promessas eternas.
Paixões possessivas.
Palavras pintadas pronunciadas
Posteriormente apimentadas.
Queixas.
Queixos.
Querer.
Quantidade.
Querer.
Qualidade.
Quanto querer?
Quando querer?
Quem?
Rasga-se a roupa
Recortam-se ressentimentos
Repetem-se as raivas
E repelem-se os rotos rolamentos
Numa rara redundância...
Reestruturação do riso
Retratos restaurados
Rostos que choram
Rastejando para alcançar o céu...
Sonhos sedentos serpenteiam
Sangrando segredos
Sem sombras...
Se me sento sozinha
Sinto saudades sem saber...
Saboreio sentidos solitários
Sussurro silêncios surdos
Seguro ciúmes cegos...
Tenho tudo trocado
Teço tecidos torcidos
Travando touradas
Com touros tingidos
E trago-te temeroso.
Uivos.
Ulceras.
Unhas.
Umbigos.
Vagueio ao vento.
Voo.
Vou.
Volto.
Velocidade.
Vertigem.
Vaidade.
Vénus voluptuosa.
Vícios verticais.
Vinte.
E um.
Vodka.
Whisky.
Xeque-mate.
Zero.
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...

4 comentários:

luadepedra disse...

De tão belamente escrito, nem sei o que dizer.

Digo que senti.

1 Bj*
Luísa

Anónimo disse...

Ò minha amiga! Isto não é nada assim... Pelo amor de Deus!! Quer dizer, um dia destes, pões-te a fazer paraquedismo só porque é giro. Como decidiste começar a escrever... Presumo que tenhas optado pela escrita para evitar lesões graves provocadas pelo paraquedismo. Deixa que te diga: se te tivesses esborrachado desde uma altura de 10000 pés, era aborrecido...(choradeiras, coroas de flores e dias de baixa que iriam vilpendiar a nossa segurança social, já de si muribunda...) mas seria sempre menos grave do que o dano que vossa excelência inflige à portugalidade na sua expressão verbal. Abstem-te de escrever e dedica-te à leitura, mas devagarinho, porque senão ainda te assustas...

Anónimo disse...

Amiga, eu também passei pela fase do poema " oh mãe diz me uma palavra que ri-me com anseios? seios?" Mas claro, andava na Primária e mesmo assim tive o bom senso de parar de escrever.
Mas há uns que não o tiveram, e com sorte algum dia o vão ter...
Depois segue-se a fase Amiguinho,SuperPoP, Ragazza e se ainda não encontraram o bom senso, passam para a faze mais aterradora: criam um blog como
este.

Vania Jalles disse...

Em primeiro lugar quero agradecer-te por teres perdido algum do teu tempo a comentar o que escrevo. Bem ou mal o que importa é que deste a tua opinião. O facto de não teres gostado não passa disso: uma opinião. Talvez te falte a ti também algum bom senso. O bom senso de sentir o que se lê e que vai para além da qualidade gramatical. A expressão dos sentidos é muito mais forte que a expressão verbal que, neste caso, se torna apenas num mero instrumento de transmissão de um interior. Resumindo: a mim pode-me faltar competências a nível do "bom português" mas a ti caro(a) amigo(a) falta-te concerteza a sensibilidade para perceberes algo que vai muito mais além das rimas. O meu interesse na escrita não é por achar giro, é uma forma de eu me compreender, de me aliviar, de me partilhar... Um conselho: Da proxima vez que leres alguma coisa deixa de parte os olhos e usa o coração.
Sempre aberta a críticas: