domingo, 27 de agosto de 2006

Simplesmente tudo




Enrolando o olhar nas ondas deste mar, que me me entra na alma com a grandeza da vida, te lembro e te sinto inteiro.
O sol que se espelha nestas águas revela-se de uma forma celestial, divina.
Estou em paz comigo, com o mundo e sinto o teu toque no vento que me bate na cara e me desalinha o cabelo.
O perfume que emana da minha pele é teu e, suavemente, fecho os olhos para te ver límpido dentro de mim com o esse sorriso aberto e livre que me preenche de luz.
A tranquilidade do teu olhar que brilha na minha direcção e me conta dos tesouros que trazes contigo, desse diamante bruto que te bate no peito... Sinto, assim, plena e completa, os pequenos prazeres da vida. A vida que palpita em tudo o que me rodeia, tão imensa em cada segundo, tão intensa... A vida tão viva dentro de mim e para além de mim... Contigo abraço o mundo porque cada grão de areia faz parte de mim...
És o meu sonho e a minha realidade que se misturam e se confundem e que existem em simultâneo pois se tornaram um só.
Tu és este mar, este sol, este vento e esta areia e vives dentro de mim para além da matéria.
Acredito em ti, acredito em nós, porque acredito naquilo que vem do coração e que purifica. Acredito porque sinto o milagre da felicidade que faz tudo valer a pena.
Nós seremos, neste mundo de trevas, o ponto de luz que tudo ilumina...

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Sufocante Veneno




Arranhaste-me a alma.

Choraste de encontro ao meu peito inundando o meu interior com este líquido amargo que, tantas vezes, me salta dos olhos e me pinta o rosto.

E eu sorvo com fulgor este veneno
que me roi como um àcido,
que me mata como uma espada.

Aos poucos te foste escondendo nesse teu casulo
que me pica o corpo,
me agarra
e não me deixa soltar...


Esmagaste-me o coração
com a força desse amor

vazio...

segunda-feira, 31 de julho de 2006

Príncipe sapo



Vieste tão depressa que nem dei por ti
A soprar-me no coração
Bocadinhos de "super-cola 3"
E toneladas de "ben-u-ron"...
Não senti nada...
E deixei-me embalar suavemente,
Meia anestesiada...
Agora que abro os olhos lentamente
Com medo de os magoar com a tua luz
E de os queimar com este calor
Sinto que és só tu quem me seduz
Pois ficaste colado no meu interior...

quarta-feira, 19 de julho de 2006

To much for us



Nada faz sentido dentro de mim porque nada é como era quando tudo era perfeito.
Continua tudo tão forte que já não sabemos mais onde nos agarrar para não deixar fugir o coração.
Onde colocar este amor que nos assusta com tanta violência sem o despedaçar, sem o magoar, sem o perder?
Por vezes fugimos de nós, não para fora mas, para dentro. Precisamos de encontrar o nosso eu individual que já não vemos mais por estarmos fundidos um no outro. E é tão grande e tão imenso este sentimento, que por vezes nos desorientamos e já não sabemos para onde vamos.
Por vezes os nossos olhos ficam intransponíveis como cortinas de aço que cortam o outro de relance mesmo naquele ponto que dói mais. De seguida queremos lamber as feridas que causamos mas, a nossa saliva já sabe ao s
al das lágrimas derramadas e arde, queima como fogo.
Sorrimos e choramos, simultâneamente, quando nos vemos e quando nos despedimos porque, já não sabemos distinguir o bem do mal.
Voamos como anjos presos pelas asas, enrolados um no outro e pedimos ao amor um pouco mais de espaço para crescer e um pouco mais de tempo para morrer....

segunda-feira, 24 de abril de 2006

Ponto Final. Parágrafo.


Os dias que passaram deram-me a certeza. Já tenho a claridade da razão na névoa dos sentimentos.
A lua já não derrama sobre mim a angústia da solidão nem o eco do vazio. O mar já não me inunda nem me afoga, tranquiliza-me. O teu olhar já não me encolhe, espalha-me inteira pelo céu. E o sol já não me ofusca nem me queima, aconchega-me numa temperatura amniótica.
Partiste. Nunca esperei outra coisa. E, por mais que tente, não estou triste. O mal que me fizeste fez-me bem, porque atiçou as minhas asas e me fez voar.
Não! Já não sinto o desejo de te ter. Já consigo passar leve por ti e sorrir completa.
A nossa história terminou e é tão óbvio como não podia terminar de outra forma. Já demos tudo o que tinhamos a dar um ao outro, as mãos já estão vazias e os corpos gastos.
Sofri tudo contigo e agora já só posso ser feliz...

terça-feira, 28 de março de 2006

O que os olhos não vêem, o coração sente



Parar no tempo.
Procurar a luz.

Porque nos fez a vida enlaçar um no outro, com um emaranhado de nós tão difícil de desfazer e tão duros de cortar?
Como foi possível sentirmos ao fim de tantos anos que os nossos caminhos se uniam de repente, sem nos dar tempo para pensar, empurrados pelo vento tempestuoso que soprou sem caridade nem aviso?
E porquê que o nosso caminho estava tão esburacado, que caíamos sempre que nos tentávamos levantar, magoando os sentidos da alma, voltando para trás apenas para recomeçar?

Precipitada. Inconstante. Impaciente. Eu.
Tu. Egocêntrico. Individualista. Instável.
Eu nunca terminava nada do que começava e desistia das coisas arranjando uma boa justificação para não ter de lutar.
Tu tens um coração enorme que não sabes usar e que tens medo de abrir.

Fizeste de mim uma pessoa mais tolerante, mais ponderada e disposta para lutar por aquilo em que acredita. E sinto que, aos poucos, tu vais adoçando a tua forma de ser abrindo-te ao mundo.

Neste momento de afastamento, sinto-te mais perto do que nunca. Sinto, finalmente, a cumplicidade, o desejo imenso e a ternura.
Sinto o teu fogo inundar-me a alma e sei que tu o sentes também, mesmo sem existir qualquer contacto.
E, sem saberes, estás a dar-me tudo o que preciso neste momento…

Controlar o que parece descontrolável.
Compreender o ininteligível.
Explodir com o sagrado por dentro da carne, para além da carne…

Não sei se o nosso destino é ao lado um do outro – ou por cima um do outro – mas isso já não tem qualquer importância.
Queres tempo para descobrir se gostas realmente de mim e eu já sei há muito a resposta.

Não te vou dar respostas mas estratégias que te façam avançar.
Tu não me deste soluções. Deste-me problemas para resolver.

E tanto faz que demores uma semana, um mês ou toda a vida…