terça-feira, 28 de março de 2006

O que os olhos não vêem, o coração sente



Parar no tempo.
Procurar a luz.

Porque nos fez a vida enlaçar um no outro, com um emaranhado de nós tão difícil de desfazer e tão duros de cortar?
Como foi possível sentirmos ao fim de tantos anos que os nossos caminhos se uniam de repente, sem nos dar tempo para pensar, empurrados pelo vento tempestuoso que soprou sem caridade nem aviso?
E porquê que o nosso caminho estava tão esburacado, que caíamos sempre que nos tentávamos levantar, magoando os sentidos da alma, voltando para trás apenas para recomeçar?

Precipitada. Inconstante. Impaciente. Eu.
Tu. Egocêntrico. Individualista. Instável.
Eu nunca terminava nada do que começava e desistia das coisas arranjando uma boa justificação para não ter de lutar.
Tu tens um coração enorme que não sabes usar e que tens medo de abrir.

Fizeste de mim uma pessoa mais tolerante, mais ponderada e disposta para lutar por aquilo em que acredita. E sinto que, aos poucos, tu vais adoçando a tua forma de ser abrindo-te ao mundo.

Neste momento de afastamento, sinto-te mais perto do que nunca. Sinto, finalmente, a cumplicidade, o desejo imenso e a ternura.
Sinto o teu fogo inundar-me a alma e sei que tu o sentes também, mesmo sem existir qualquer contacto.
E, sem saberes, estás a dar-me tudo o que preciso neste momento…

Controlar o que parece descontrolável.
Compreender o ininteligível.
Explodir com o sagrado por dentro da carne, para além da carne…

Não sei se o nosso destino é ao lado um do outro – ou por cima um do outro – mas isso já não tem qualquer importância.
Queres tempo para descobrir se gostas realmente de mim e eu já sei há muito a resposta.

Não te vou dar respostas mas estratégias que te façam avançar.
Tu não me deste soluções. Deste-me problemas para resolver.

E tanto faz que demores uma semana, um mês ou toda a vida…