segunda-feira, 7 de fevereiro de 2005

Falena



Até que ponto é real este sonho que vivemos?
Por quanto tempo este líquido prazer nos inundará por dentro?
Quando estou contigo não há passado nem presente. Não há tempo. São momentos estanques. Fragmentos de vidas unidas por um desejo ofegante de eternidade.
O meu corpo sempre foi fácil de conquistar... Sempre estive disponivel para tentar. Mas a minha alma hesita quando sente o frio do meu coração aquecer com outro coração acelarado...
Ainda não conseguimos iluminar este sentimento que se esconde em gemidos negros. Ainda não conseguimos adivinhar o que lhe vai por dentro pois a sua brisa ainda apaga o fogo das nossas velas. Mas a sua tinta vai-se espalhando sem darmos conta. Vai lentamente acariciando a tela do nosso corpo com cores que não aprendemos a ler. A melodia que nos embala, por vezes serena por vezes tempestuosa, é o nosso único guia para esta paixão física alcançar o nirvana.
Consegues espreitar através destas minhas janelas de vidro quebradas? Que procuras aqui neste espaço tão meu? Deslizando para mim ao ritmo sincopado deste orgão que me magoa o peito, segues ao pormenor as suas indicações para não te perderes no seu labirinto. E eu, como se fosse tua, resisto... insisto... existo... Vou sentindo a tua fome lamber-me as feridas por baixo da carne. Tenho algo não definido que me pica por dentro. Tenho algo que preciso de agarrar com força, atirar cá para fora e espalhar pelo meu céu. Por isso, prende-me nas tuas asas e leva-me a voar nos teus sonhos. Solta-me no ar e deixa que as borboletas do meu estômago nos guiem para a luz onde o vento nos dá a beber o elixir da liberdade.
Aconteça o que acontecer, o tempo vai nos dar tempo para purificar a alma e cicatrizar as feridas do coração.