segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Esta agulha com que me coso


Quando chegas perto o meu corpo em brasa derrete e a minha alma fica à deriva.
Dás-me um banho de beijos que são só meus e um pedaço de vazio que não me pertence.
Nesse tronco grosso mas partido que é a tua vida, o meu lugar é bem escondida do lado esquerdo e eu não tenho pressa em ficar... Vou-me enroscando no mimo que tu me dás bordando um madrigal de promessas em silêncio.
Tua boca é um cristal de onde bebo os teus segredos que escorrem por esses sulcos fundos da alma.
Com os dedos contorno cada cabelo teu rabiscando-te o cérebro com mensagens codificadas mas que o coração sabe ler e guardar.
Vou temperando o meu corpo cru com diferentes sabores, dando-te a provar, a pouco e pouco, cada gota deste meu ser agri-doce. Tu pedes mais e eu dou-te o aroma da seda e o perfume do vinho aveludado que nos afoga por dentro e nos faz esquecer quem somos.
Tu não és uma ilha és um continente e pertences a muita gente por isso prego-me ao teu chão e deixo o vento varrer o resto...