segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pré-escrita






Tudo começa por algum lado. Ou recomeça. Mas isto não é um recomeço, é um novo começo, o que, parecendo igual, é bem diferente.

Durante muito tempo não consegui escrever e não sabia o porquê. Não compreendia. Foi como uma implosão. !MUB. E tudo esvaziou, ou entupiu de tanta falta de vazio.

Primeiro vieram as horas que se transformaram em dias. E depois, todos sabemos onde se acumulam os dias e as semanas e os meses. Os anos. Quase uma vida. Mais que quase. Pois já não me reconheço no que escrevi a não ser como num sonho.

Foi outra vida a que eu vivi quando escrevi. E agora escrevo outra vez. Não com menos avidez mas com outra alma. Compreendo, tão claramente, tão estupidamente compreendo agora porque entupi. E quero GRITÁ-LO aqui para que de novo não aconteça. Com licença.

Demais. Sempre senti demais. Na minha inexperiência material os sentimentos, as emoções, os furações da alma violavam-me por dentro da carne. Enquanto os atirei crus para o papel tudo bem. Depois quis cozinhá-los e atrevi-me a pensá-los. Ora foi aqui que se deu, ou antes, que se não deu mais nada. Porque pensar sentimentos é uma trapalhada. Ou se sente ou se pensa. Podemos sentir o que pensamos mas não atrevermo-nos a pensar no que sentimos. Ou entupimos.

Agora sou outro eu. Outra escrita. Que não se repita!