quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Dreamcatcher


Deixei-te perdido no meu pensamento e

tornaste-te inspiração...

Porque pintaste às pinceladas,

cores ténues,

cores ousadas,

na tela da minha imaginação.

Aos devaneios tantos,

(tantos!)

já não sei se és tu que me crias desejo,

se sou eu que em desejos te invento.

Não sei mais se sou minha,

mulher da amarga ilusão ou do doce sentimento.


Morde-me a vontade à vontade,

meu amor,

que se sem querer te quero tanto,

no sonho não te poderei perder.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O que não se diz também fala




Xiu!
Disse ele colado com os labios no seu pescoço.
E as mãos fugiram dela pelo corpo quente dele.
E dele a língua correu fria pela pele suada dela.
E foi vontade que se fez. O amor veio mais tarde.
Xiu!

Menina


Quem te descompassa menina
de cabelo aos gritos e olhos salgados?
Que segredos escondes
na boca aberta dos amantes abandonados?
Que brisa te sacode os sonhos
que trazes no balançar das ancas
Quando descalça danças na melodia
que do vento docemente arrancas?

Voaste com as minhas conquistas
Mas não sabes por onde seguir
E roubas-me a mão com que nos despistas
De quem nos quer iludir.
Ás tantas beijas-me a medo
Quase um meio beijo bem dado
Tapas-me o lábio com um dedo
Mantendo o meu desejo calado.

Não te quero! - susurras bem alto.

Eu fecho os olhos para ver melhor
Se te transbordo ou se te falto
Mas és opaca, dura como pedra
E eu não te sinto... amor...

São pensamentos soltos no desejo
Se abro os braços já não te vejo...

Menina.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pré-escrita






Tudo começa por algum lado. Ou recomeça. Mas isto não é um recomeço, é um novo começo, o que, parecendo igual, é bem diferente.

Durante muito tempo não consegui escrever e não sabia o porquê. Não compreendia. Foi como uma implosão. !MUB. E tudo esvaziou, ou entupiu de tanta falta de vazio.

Primeiro vieram as horas que se transformaram em dias. E depois, todos sabemos onde se acumulam os dias e as semanas e os meses. Os anos. Quase uma vida. Mais que quase. Pois já não me reconheço no que escrevi a não ser como num sonho.

Foi outra vida a que eu vivi quando escrevi. E agora escrevo outra vez. Não com menos avidez mas com outra alma. Compreendo, tão claramente, tão estupidamente compreendo agora porque entupi. E quero GRITÁ-LO aqui para que de novo não aconteça. Com licença.

Demais. Sempre senti demais. Na minha inexperiência material os sentimentos, as emoções, os furações da alma violavam-me por dentro da carne. Enquanto os atirei crus para o papel tudo bem. Depois quis cozinhá-los e atrevi-me a pensá-los. Ora foi aqui que se deu, ou antes, que se não deu mais nada. Porque pensar sentimentos é uma trapalhada. Ou se sente ou se pensa. Podemos sentir o que pensamos mas não atrevermo-nos a pensar no que sentimos. Ou entupimos.

Agora sou outro eu. Outra escrita. Que não se repita!