segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

Nagalhé


Desafio-te a mergulhares comigo neste silêncio ensurdecedor onde todos os sentidos gritam de sensibilidade. Acorda para este sono de insónias repetidas onde os sonhos fogem para um abismo de cores acrobáticas. Neste mundo de real fantasia tudo se acha quando se perde e tudo se ganha quando já não se quer. Por isso, vem provar um pouco daquilo que fecundaste na minha imaginação e que cresceu sem proporção.
Sempre achaste que eu pedia demais. E como se pode pedir demais quando não se recebe nada?
Desafio-te a voares para fora de ti nesse espaço sem espaço onde todos os pássaros suplicam por um pouco de ar. Explode para esse reservatório de memórias esquecidas onde os pesadelos te embalam em suaves melodias. E fecha os olhos para que, finalmente, te possas ver sem ornamentos idealistas e despojado de influências ridículas.
Sempre puseste os teus interesses acima de tudo. E como poderás alcançá-los sem os meios que estão por baixo?
Salta para os teus calcanhares e vê o que te apoia. Abraça os teus medos, os teus fracassos, as tuas vergonhas. Dança sozinho ao ritmo dos teus lamentos e chora os teus irreais sucessos de areia. Observa o espelho partido dos teus olhos vazios e enche-os de mar. Planta flores no jardim do teu coração e limpa as folhas secas de um Outono passado.
Eu estarei aqui quando não voltares. Nem indigente nem abandonado.